Reynaldo Gianecchine fala sobre ser "Cruel" com Erik Marmo

Na montagem, Gianecchini vive Gustavo o ex-marido de Tekla (Maria Manoella), que cria armadilhas contra a ex e o atual marido dela, Adolfo (interpretado por Erik Marmo). "Ele é assumidamente o mais cruel, ao mesmo tempo ele é fraco. Ele vem para se vingar. E o jeito que ele encontrou para superar a traição é os destruindo.  O que eu acho delicioso é a complexidade dos personagens. É um jogo incrível e é estimulante fazer. A violência está interna. É verbal. Todos têm uma parcela de crueldade” fala Gianecchini, feliz em trabalhar com os atores Erik Marmo e Maria Manoella. , “A gente se gosta e queria fazer com todo mundo que está aqui. Não existe competição nesta peça. Não há alguém com papel maior ou menor. Todos são iguais. Os três vibram. Sempre vai ter dois no palco”, disse ele que ensaiou de segunda à sábado durante dois meses.
Em horário alternativo (Segunda e Terça às 21hrs) Erik Marmo explica que o intuito é montar a peça sem grandes expectativas: “Esse projeto não é só para agradar, fazer dinheiro, queríamos fazer o trabalho. Esse horário alternativo permite também que a gente possa fazer outros trabalhos” conta Erik. “A idéia é ter essa peça na nossa mão. Vamos nos apresentar sempre em teatros pequenos. Estamos nela como um projeto mesmo, não para ganhar dinheiro. Mas tem algumas cidades que já estão confirmadas, como Santos, São José dos Campos e Campinas”, concluiu Gianecchini.
Fazer em teatro pequeno surgiu por parte de Elias Andreato que diz que quer manter vivo a idéia do Teatro Íntimo, criado por Strindberg em 1907 em Estocolmo na Suécia. “O Stringberg criou o teatro intimo em um porão em Estocolmo na Suécia e queria exatamente isso, que as pessoas entrassem neste lugar pequeno e escuro e que elas ficassem se observando, e queria que o texto fosse dito e não gritado no ouvido de ninguém, e a partir daí criou o teatro moderno, e começou a abandonar aquele teatro operístico, maquiagens pesadas.” Diz Elias.
O elenco da peça esbanja elogios quanto ao diretor Elias Andreato, que também assume a tradução e a adaptação do texto de Strindberg com nome original “Os Credores”. “Eu não conseguiria ter estudado tanto sem a ajuda de Elias, ele é um grande diretor e o grande ator que é, ele sabe da necessidade do ator, este projeto é um projeto pessoal dele, ele tem um amor pelo projeto e o tempo todo foi carinhoso com a gente, ele soube conduzir muito bem” fala Gianecchini.
 “O que me interessou nesse texto era a relação amorosa dos três personagens. Tentei deixá-lo mais direto, sempre pensando no público. Fiz alguns cortes, eliminei um pequeno personagem. Estamos fazendo uma montagem sem rebuscamento, pois o texto foi escrito em outra época e o público não tem mais tanta disponibilidade em assistir. Mudei o título porque “Os Credores” não chama muito a atenção e também porque “Cruel” é a essência dos personagens. Então, já que o autor está morto tomei a liberdade de mudar o nome. Espero não ser amaldiçoado pelo Strindberg”, brincou Elias Andreato, que mudou o nome para “Cruel”.
 
Reynaldo Gianecchini e Lell Trevisan 
Lell - Falem um pouco do personagem de vocês:
Gianecchini - Gustavo é o grande vingador, é o personagem assumidamente cruel, embora os outros também sejam cruéis, mas de outra forma, ele vem assumidamente para se vingar da mulher, um personagem que tem uma magoa, não consegue dar um passo se ele não resolver esta questão dentro dele, e ele quer resolver destruindo aqueles que o destruiu anteriormente e acaba se destruindo também, é uma tragédia né?
Erik - Adolfo é o segundo marido da Tekla, ela deixou Gustavo para ficar com ele, um cara inseguro, pois ele acredita que esta situação possa inverter, tem medo da mulher deixá-lo para ficar com outra pessoa que venha conhecer, um cara extremamente apaixonado pela mulher, ela é quase que uma santa para ele. Que já não acredita mais em Deus, então Adolfo venera esta mulher. Ele é um artista, é um pintor e escultor, uma pessoa sensível então estas questões batem nele com um peso maior devido a sua sensibilidade.
Maria Manoella - A Tekla é o pivô de toda esta crueldade, ela forma um triangulo amoroso com os dois, esposa de um e ex-esposa do outro, é uma personagem lindíssima, personagem da maior dignidade, uma escritora, uma mulher super emancipada, uma mulher livre que vai atrás de uma nova paixão.
Erik Marmo e Lell Trevisan
Lell - Como foi o processo de ensaio?
Gianecchini – Foi engraçado por que a gente tem uma angústia muito grande quando estamos ensaiando, “isso funciona, isso não funciona”, eu acho uma angústia, mas o processo foi muito feliz.
Eriki -  Foi maravilhoso e intenso, a gente estava se encontrado de segunda à Sábado, tivemos momentos muito legais, exercitando, improvisando. Foi muito importante para mim, eu aprendi muito com este processo e sei que vou continuar aprendendo até o final.
Maria Manoella - O processo foi delicioso, o Elias é um diretor, um cara da maior sabedoria, da maior delicadeza, então ele soube nos conduzir muito bem. Ele sabe muito de teatro.
Elias Andreato - O processo foi muito prazeroso, os meninos foram muito generosos, foi um processo carinhoso acima de tudo, cuidei pra que fosse tudo prazeroso, delicado, que pudesse ser útil não só para mim quanto para eles.
Lell - E ser dirigido por Elias Andreato?
Gianecchini – O Elias é um cara que sabe muito, sabe conduzir, sabe tirar o que o ator precisa, ele tem um entendimento e uma inteligência e não é estressado, o que é muito raro neste meio da gente, por que como é uma obra que vai ser exposta, todo mundo tem uma responsabilidade, por que o público vai estar lá: “Ok! Me mostra”, então geralmente rola muito estresse por trás, o diretor fica enlouquecido, a gente teve um processo feliz e queremos mostrar ao público “Tá aqui oh! Fizemos com o maior carinho” foi muito bom de fazer.
Erik - Uma honra, um prazer, me sinto privilegiado, qualquer ator hoje tem vontade de trabalhar com ele, pelo menos quem conhece, quem teve oportunidade de assistir seus trabalhos. Me sinto muito feliz.



Lell – Elias você tem a idéia de montar este espetáculo há muito tempo né?
Elias - É! Uns 20 anos, você nem tinha nascido (brinca), eu conheci este texto quando eu montei Senhorita Julia, com direção do Renato Borghi e foi uma experiência maravilhosa para mim quanto ator, e a partir daí fui trabalhando a adaptação, enfim, levou muitos anos, eu sei que eu insisti bastante e consegui.
Lell - Do que fala exatamente a peça?
Elias - Cruel fala do embate de idéias, de personagens que se amam, que se odeiam e se destroem, extremamente cruéis, e fala de amor, da perda, da separação, coisas muito comuns.
Lell - Existe muito da vida do autor na peça Cruel?
Elias - Existe, de todos nós. Strindberg teve uma relação muito complicada nos seus relacionamentos pessoais, nos casamentos. Ao mesmo tempo, que ele era apaixonado, vislumbrado pelas mulheres, ele tinha um ódio por não saber viver sem elas, de não saber lidar com esta necessidade do outro. Ele nunca foi um homem muito resolvido e conformado com isso.
“Cruel é uma sensação profunda, que exige uma imersão profunda dentro de cada ator para procurar esse lado mais obscuro. Não há nenhum tipo de agressão física, todo o tipo de violência encontrada nessa história é baseada em assassinatos psicológicos, onde os personagens são feridos em seu psicológico. A história gira em torno de três personagens que estão em conflito por que o ex-mraido quer "destruir" o casal .A mulher é muito moderna para a sua época, pois está no segundo casamento, o atual marido é uma pessoa sem crença alguma, onde a única coisa que lhe move é a vontade de ser feliz com a esposa, já o ex-marido com a separação, tem o desejo por vingança. O diretor vem com esse projeto onde um dos personagens originais da peça foi retirado, o espetáculo foi reduzido, foi feito para pequenos teatros com um publico de no máximo 350 a 400 lugares e o nome foi adaptado para que houvesse uma maior procura, ficando assim "Cruel" e não "Os credores" diz Arthur Lemos ator e colaborador nesta matéria.
Colaboração: Arthur Lemos
Por Lell Trevisan

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