A Luz das Velhas e Nossas Últimas Esperanças
Crítica do Espetáculo A Tímida Luz de Vela das Últimas Esperanças, da Cia Ellas de Teatro
Duas velhas que vivem sob a mesma casa e dividem as mesmas mágoas, angústias e fantasmas do passado. A peça combina nuances dramáticas, com uma boa dose de humor (Cachoeiro de Itape
mirim – ES). Sem nenhuma luz especial, com luz branca encandescente e calcado em estereótipos, os atores Lucimar Costa e Mario Ferreira provocam cenicamente uma estranheza, carregam na construção de seus personagens, vozes estereotipadas, sotaques carregados, postura corporal arcada, mas não vemos o mesmo e
stereotipo em figurinos e cenário. Cadê o artistico pra essas velhas?
Na peça há uma briga entre clean e exacerbos. A velha-criada tem voz de crioula americana de filme mississipiano, esbarrando as vezes no estereótipo do preto-velho. A outra é arcada e ruminante, também esbarra num clichê de velhinha de programa de humor. A direção coletiva derrapa e nao elege uma cara ao espetáculo, mal das direções quando coletivas. A luz é seca, mas a música é lúdica e emocional. Quando uma personagem sai de cena e endireita a postura, voltando a ser ator, aos olhos ainda da platéia, isso quebra radicalmente o teatral e nos joga na masmorra dos exercicios teatrais insuportavelmente crús. Mas a verdade é que o texto de Milson Henriques é muito bom, com as escolhas da montagem, esse texto não estabelece um clima cênico, o teatro acaba não se instaurando, a emoção não chega, mas dá pra avistar o execelente texto que a Cia Ellas tem nas mãos. Uma das mais brilhantes tiradas do texto são os cortes quando a velha patroa sonha e a outra a ataca com a realidade(O penico furou, acabou o feijão, a vendinha fechou). Existe uma esperança: a escolha de uma linha mais clara de montagem, ou a cor sépia da emoção, vestidões e anáguas, ou a opção pelo duro, com um corte seco feito Bernarda Alba, ou um rasgo de realidade sem concessões a emoção. Os atores Mario e Lucimar também estão escondidos nessa confusão, mas dá pra perceber o quão dentro deles está cada uma dessas velhas, mesmo mal iluminadas.
Duas velhas que vivem sob a mesma casa e dividem as mesmas mágoas, angústias e fantasmas do passado. A peça combina nuances dramáticas, com uma boa dose de humor (Cachoeiro de Itape
mirim – ES). Sem nenhuma luz especial, com luz branca encandescente e calcado em estereótipos, os atores Lucimar Costa e Mario Ferreira provocam cenicamente uma estranheza, carregam na construção de seus personagens, vozes estereotipadas, sotaques carregados, postura corporal arcada, mas não vemos o mesmo e
stereotipo em figurinos e cenário. Cadê o artistico pra essas velhas?
Na peça há uma briga entre clean e exacerbos. A velha-criada tem voz de crioula americana de filme mississipiano, esbarrando as vezes no estereótipo do preto-velho. A outra é arcada e ruminante, também esbarra num clichê de velhinha de programa de humor. A direção coletiva derrapa e nao elege uma cara ao espetáculo, mal das direções quando coletivas. A luz é seca, mas a música é lúdica e emocional. Quando uma personagem sai de cena e endireita a postura, voltando a ser ator, aos olhos ainda da platéia, isso quebra radicalmente o teatral e nos joga na masmorra dos exercicios teatrais insuportavelmente crús. Mas a verdade é que o texto de Milson Henriques é muito bom, com as escolhas da montagem, esse texto não estabelece um clima cênico, o teatro acaba não se instaurando, a emoção não chega, mas dá pra avistar o execelente texto que a Cia Ellas tem nas mãos. Uma das mais brilhantes tiradas do texto são os cortes quando a velha patroa sonha e a outra a ataca com a realidade(O penico furou, acabou o feijão, a vendinha fechou). Existe uma esperança: a escolha de uma linha mais clara de montagem, ou a cor sépia da emoção, vestidões e anáguas, ou a opção pelo duro, com um corte seco feito Bernarda Alba, ou um rasgo de realidade sem concessões a emoção. Os atores Mario e Lucimar também estão escondidos nessa confusão, mas dá pra perceber o quão dentro deles está cada uma dessas velhas, mesmo mal iluminadas.
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